A NAMORADINHA DO PAPA
Logo
após o anúncio do nome de Jorge Bergoglio como novo chefe da Igreja, surgiu na
Argentina o nome de Amália – mulher de verdade – como ex-namorada do papa
eleito. Nada de tão especial a não ser a natural paixão de dois adolescentes,
cujos caminhos um dia se encontraram. Teria dito ele: “Se não se casar com você,
vou virar padre. Acabou virando papa. O remoto romance reforça o aspecto humano
de um líder religioso, que chegou ao mais alto escalão de sua escolha
vocacional determinada e consciente. Padre, pai para muitos; papa, pai para
todos. A figura carismática e extraordinariamente simples do papa Francisco
cativa o mundo. Não há como negar sua incrível capacidade de aglutinar pessoas.
Suas primeiras palavras ao mundo, como novo líder católico, prenunciaram sua
disposição de servir: “Eis me aqui!”. Repetia o sim do profeta, o sim de Maria,
o sim serviçal de uma vida missionária. E acrescentou:
“Agora
iniciamos este caminho. Bispo e povo... Este caminho da Igreja de Roma que é
aquela que preside a todas as Igrejas na caridade. Um caminho de fraternidade,
de amor, de confiança entre nós. Rezemos sempre uns pelos outros. Rezemos por
todo o mundo para que haja uma grande fraternidade”.
Francisco
se pôs a serviço. Sua responsabilidade pastoral exige autêntica paixão, tão
bela quanto aquela que renunciou no passado, mas tão grandiosa que pede a oração
de todos, a unidade de todos. Cresceu na capacidade de amar, sem contudo
desconhecer suas limitações e fraquezas, sua origem simples, sua própria
humanidade. Não difere de nenhum de nós, pois em suas veias também corre
sangue, seu coração também conhece os segredos do amor, a capacidade de amar. “Peço-vos
um favor: antes de o Bispo abençoar o povo, peço-vos que rezeis ao Senhor para
que me abençoe a mim: é a oração do povo pedindo a Bênção para o seu Bispo”.
Ao
brindar com seus colegas cardeais, deixou escapar: “Que o Senhor vos perdoe
pelo que fizeram de mim”. Todos riram. Mas, na ironia desse brinde se escondia
uma preocupação, a mesma de qualquer profeta: “Será que sou capaz”?
O
nome Francisco é uma referência forte de humildade e respeito à vontade de
Deus. Quando aquele pobre de Assis sentiu o chamado divino, um apelo se fez
ouvir: “Francisco, reconstrói a minha Igreja”. Eis que o apelo se repete em
outro momento crucial da Igreja, essa esposa de Cristo que tantos enamorados
atrai para si. Se a quisermos bela e atraente, revestida de luz e verdade, é
preciso restaurá-la e apresentá-la ao mundo com a mesma simplicidade com que
Cristo apresentou sua Mãe, do alto da cruz: “Eis aí sua mãe”! Porque Maria e
Igreja se fundem num projeto de Amor. Porque aquela, mulher de verdade, fez
gerar seu Filho e esta, esposa de Cristo, gera a redenção através da fé que
professamos Nele. Porque, como bem alertou Francisco, em sua primeira homilia
aos colegas de ministério: “Se nós não professarmos Jesus Cristo, nos tornaremos
uma ONG beneficente, mas não a igreja”.
A
namoradinha do passado é hoje uma lembrança carinhosa. Prova viva de que o
chamado de Cristo está bem à frente de nossas ambições e projetos pessoais. Há
um amor maior, que nos impulsiona para o alto e faz crescer nossas definições
de amor, a ponto de “por a mão no arado e não olhar para trás”, pois que a
seara do Senhor é muito mais ampla que nossas vãs aspirações. O papa sabe
disso. Por isso chegou até aqui e vai muito além com sua disponibilidade e amor
sem fronteiras. Por isso, a Igreja se enche de esperança. Seu pontificado chega permeado por
gestos de humildade – como aquele de recusar sua limusine e ir pessoalmente
pagar a conta no hotel onde esteve antes do conclave – ansioso para reencontrar
a “igreja pobre e para os pobres” Esse é o novo sonho de amor do outrora Jorge,
o novo Francisco de Assis que chega. Salve Jorge! Ave Francisco! Viva o Papa!
WAGNER PEDRO MENEZES wagner@meac.com.br
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