O XIS DA QUESTÃO
O
Reino Encantado do senhor Eike Batista ruiu qual castelo de cartas. Construído
sobre a areia da especulação e do oportunismo e com o lastro de uma ambição
pessoal, cujo sonho visava o titulo de homem mais rico do mundo, (chegou à
oitava posição, para espanto de muitos) seu império não suportou o sopro da
realidade. Esta não aceita a inconsistência dos sonhos desmedidos. Nem ambições
sem as qualidades do mérito pessoal, que incluiu muito trabalho, suor,
sacrifícios pessoais e determinação, além, é claro, de uma ajudinha dos céus.
Toda riqueza construída hipoteticamente ou sobre o mantra do engodo e da
injustiça – pra não dizer do roubo e da ganância sem limites – não se
sustentará para sempre. Dia mais, dia menos, trombará com a verdade, esta que
sempre triunfa.
A
top de sua empresas, a petroleira OGX, foi a primeira a sentir vertigens do
alto de uma dívida de R$ 11 bi e solicitar uma milagrosa “recuperação judicial”
sem apresentar meios e condições convincentes aos seus pobres, mas também
ambiciosos credores. Donde virão seus recursos, quando os únicos e maiores
patrimônios são possíveis reservas petrolíferas afundadas e bem ocultas sob um
mar de especulações ou hipóteses? Uma reserva equivalente a apenas 17,5 % do
que foi divulgado? A única resposta
sensata é ainda uma exclamação: como é cega a ambição humana!
O
fato é que na esteira dos sonhos de grandeza e poder muitos sucumbem. Não há no
mundo uma história de sucesso permanente quando esta se constrói num pedestal
de mentiras e subterfúgios. Nenhum reino subsiste sob estas condições. Nenhum
império do passado resistiu à própria espada que brandia contra populações
pobres e indefesas. A própria história – aliada à paciente justiça divina – se
incumbiu de destruir-lhes a arrogância de suas dominações. Da mesma forma os
que ainda teimam em construir um império pessoal com essas condições:
oportunismo e malandragem. Não ficará pedra sobre pedra. O tempo dirá.
Que
nos sirva de exemplo a cobiça de Davi sobre a mulher de Urias. Para possuí-la,
provocou a morte do amigo, colocando-o na linha de frente de um combate.
(Quantos de nós assim fazemos, quando o que buscamos é a satisfação pessoal –
que se danem os amigos!) Natan, a voz de sua consciência, despertou-o com uma
pequena parábola. “Havia numa cidade dois homens, um rico e outro pobre. O rico
tinha ovelhas e bois em grande número. O pobre, porém, não tinha coisa alguma,
senão uma ovelhinha, que comprara e criara, e que tinha crescido em sua casa
juntamente com seus filhos. Comendo do seu pão, bebendo do seu mesmo copo e
dormindo no seu regaço, e ele queria-lhe como se fosse sua filha. Tendo, pois,
chegado um hóspede à casa do rico, não querendo este tocar nas suas ovelhas nem
nos seus bois, para dar um banquete ao hóspede, que lhe tinha chegado, tomou a
ovelha do pobre. E preparou-a para dar de comer ao hóspede que tinha vindo à
sua casa” (II Sam 12,2-4). Se você não conhece o resto dessa história e o que
aconteceu a Davi, leia a Bíblia.
O
essencial é concluir o xis da questão. Outro Reino há de vir, sem o tendão de
Aquiles que aniquila muitos dos nossos sonhos. A ambição humana é passível de
erros ou frustrações. Mesmo assim, é força que gera vida, move o mundo,
alimenta nossa esperança. Precisamos continuar sonhando, dentro, é claro dos limites
e dos méritos que possuímos. O pecado de Davi não o impediu de corrigir sua
rota e purificar-se na piscina do arrependimento, onde encontrou as maiores
riquezas de sua vida. Possibilitou a construção do Reino de Deus entre nós, de
geração em geração.
Assim conhecemos Jesus, filho de Davi.
WAGNER PEDRO MENEZES wagner@meac.com.br
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