MULHER POR EXCELÊNCIA
A
plenitude feminina se alcança com a maternidade. Mulher por excelência é aquela
que, ao menos uma vez, teve a graça de participar do milagre da vida com o
próprio ventre e seios fartos no processo de geração e amamentação de outra vida.
Desde que gerada no amor e amparada na certeza de uma esperança sempre
positiva, um futuro promissor e abençoado. Esse é o sonho de toda e qualquer
mãe.
Mas
o que pensar de uma mulher marcada por um projeto acima de seus pequenos sonhos
e ambições pessoais, cujo filho desde a própria fecundação seria motivo de
controvérsias e estigmatizado desde seu nascimento, trilharia um caminho de
incompreensões e injustiças sem fim? Um filho que veio ao mundo marcado para
morrer? Mesmo assim, a mãe submissa e fiel à vontade de Deus, ladeou seus
passos até o momento crucial, pois viu crescer seu filho “em graça e sabedoria”
e seu coração de mãe bem compreendia “a hora do filho”, a missão que lhe estava
reservada. Mesmo assim, a mãe visionária e confiante, ainda foi capaz de
orientar: “Façam tudo o que ele vos disser”. E dele exigir o milagre, o
primeiro milagre de sua vasta lista de ações concretas em favor dos feridos,
surrupiados em sua dignidade, lesados em seus direitos primários de esperança e
fé, justiça e misericórdia senão dos homens, ao menos e em especial de Deus.
Sim, Maria, no processo evangélico do primeiro anúncio, foi a mulher por
excelência da Obra da Redenção.
Mulher
e mãe! Não à toa, lhe dedicamos um mês inteiro de veneração e respeito. Maio,
mês de Maria. Maria-mulher, anunciada e profetizada como aquela que pisaria a
cabeça da serpente e devolveria a graça que perdemos no paraíso. “Porei ódio
entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a
cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gen 3, 15). Somos descendentes dessa
mulher, a mesma do Apocalipse, que se vestiu de Sol, tamanha sua grandeza. A mesma mulher representada em Sião (Is 12,6)
cuja missão foi garantir a presença do Santo de Israel. A mesma mulher ardente
como a sarça no deserto, que não se deixava consumir pelo fogo das paixões, que
sinalizava a presença sagrada (Ex 3,2). A mulher cujo ventre recordou a Arca da
Aliança, com a função de abrigar o verdadeiro maná do deserto, sua lei, suas
profecias e torná-lo carne, presença viva entre nós! A mulher defensora do
povo, outra Ester, outra Judite, outra Débora, porém imaculada e cheia de graça
aos olhos do Criador.
Maria-mãe!
O auge de sua história de submissão e fidelidade aos planos de Deus é seu sim
maternal. Não um consentimento bilateral, entre esposo e esposa, mas aberto à
universalidade do Pai, portanto, um sim total, incondicional, além das lógicas
e das limitações terrenas. “Eis que uma virgem conceberá e dará à luz”...
diziam as profecias. Eis que a mãe de um Redentor só mereceria esse título se
imaculada, se digna de ser o ventre mais puro e casto, o templo sagrado do que
Deus tinha de mais precioso a nos oferecer: a Redenção em Pessoa. Nesse
mistério reside a fé cristã e sem ele caem por terra toda a poesia e toda
realidade da mais bela história do universo, a História da Salvação. Negar o
valor da maternidade de Maria, nesse processo, é colocar uma tarja negra na
história do próprio Cristo; é declará-lo órfão, de mãe e de pai, pois que sem
Maria..., como seria? Isabel, em júbilo, exclamou: “Donde me vem a honra de vir
a mim a mãe do meu Senhor”! Ah, como
seria chato aquele casamento sem o melhor vinho! Triste a casa de Lázaro, de Pedro, as
cercanias de Bethania, sem Maria! E seu calvário, sem o olhar da mãe, o
consolo, a solidariedade! “Eis aí tua mãe”, diria o Filho legítimo aos
agregados aos pés daquela cruz! E depois, quem acolheria aquele corpo inerte,
banhado em sangue, despojado da própria cruz? Finalmente, estando seus
discípulos no cenáculo, Maria entre eles, eis que o Espírito Santo pousou sobre
todos. Aqui nasceu a Igreja. E a mãe de Jesus ali estava, desde então, agora e sempre!
WAGNER PEDRO MENEZES wagner@meac.com.br
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