domingo, 11 de maio de 2014

O ESPÍRITO E A MÃE

O ESPÍRITO E A MÃE

            Tinha mesmo que ter uma mulher nesta história. As ondas alfas captaram ao longe aquela estranha mensagem para seu coração. Ou foi o próprio Espírito que se fez entender com clareza?
            O importante foi que ela aceitou. E, dizendo sim ao desafio que a voz lhe apresentava, tudo se iluminou ao seu redor. A terra não tremeu a seus pés, mas ela, num primeiro momento, sentiu um estranho palpitar em seu coração. Tudo lhe pareceu magnífico, abrasador, encantador... Era uma promessa inusitada, além da imaginação de sua ainda tenra idade. Mas acatou a idéia com humildade e alegria no coração. “Sim, aceito”. Daquele dia em diante, não mais seria a mesma!
            Nada de oculto, mas sobrenatural sim. A maternidade de Maria era mais uma dádiva divina. Como o são tantas outras na história humana. Como é qualquer dom da maternidade, seja física ou espiritual, ação da carne ou do coração! Mãe, ela seria. Mãe, com a graça de Deus.
            Gerar (e não criar apenas) é o mais alto grau da maternidade perfeita. Quem gera, dá a luz, conduz, cria vínculos invioláveis que se perpetuam ao longo de uma existência e até de várias gerações, independente do ato biológico. Diferentemente de quem cria por criar, como instinto apenas. Quem gera no coração, concebe na alma uma força inabalável, que suplanta qualquer adversidade. Mesmo a incompreensão. Mesmo as perseguições, difamações e calúnias. Mesmo a injúria da cruz, essa que o mundo coloca sobre os ombros dos injustiçados, das injustiçadas.
            Maria aceitou. Gerou um milagre, concebeu na virgindade de sua alma atenta às manifestações do Espírito de Deus; de seu corpo imaculado fez germinar a semente da redenção que o mundo esperava. “Não temais, Maria, pois encontrastes graça diante de Deus” – disse-lhe a voz ao anunciar sua maternidade.
            Ao contrário de muitas “marias” que conhecemos! Abortam, rejeitam, amaldiçoam. E pensar que a maioria destas se diz católica, temente a Deus, serva do Senhor! Não, essas renegam o dom dos céus em suas vidas, o privilégio da maternidade pura, santa, que só o milagre da vida, a graça do Espírito, opera em suas existências. Ser mãe, seja em qual circunstância esse milagre se opere, é por primeiro emprestar a alma, depois o corpo, à ação de Deus, à graça de seu Espírito criador e santificador.
            No caso de Maria, mãe de Deus e dos homens, salta-nos aos olhos essa ação divina. “O Espírito Santo descerá sobre ti e a força do Altíssimo te envolverá com sua sombra” (Lc 1,34). Esse foi o segredo da força de Maria. Essa é a luz que falta às outras “marias”, aquelas que titubeiam diante da concepção, que rejeitam seus filhos, que abortam de suas vidas o milagre da própria vida.
            Graças aos céus, Maria aceitou. E o             Espírito a consolou, guiou seus passos, iluminou seu caminho. Amenizou seu coração e também o do bom José; advertiu-os quanto aos infanticidas da época, os mesmos que hoje atentam contra a vida de indefesos. E seu “menino” cresceu em graça e sabedoria.
            Quando o mundo se der conta de que a vida é sopro do Espírito Santo e que Deus Pai, e Mãe, possui um projeto de Amor reservado a cada filho seu, a cada ser humano concebido por sua Graça, o mundo será outro. Estaremos distantes do noticiário policial que hoje devassa o conceito de família, que atira crianças pelas janelas, aprisiona adolescentes e crianças em porões ou simplesmente as rejeitam de maneiras atrozes, insensíveis à ação do Espírito na história humana. Lembremo-nos: só o Espírito Santo é o Advogado perfeito diante de Deus. Só Ele para nos consolar e dar forças para gerar com alegria o embrião de uma vida nova, o Filho de Deus em nós.

WAGNER PEDRO MENEZES wagner@meac.com.br

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