O ESPÍRITO E A MÃE
Tinha
mesmo que ter uma mulher nesta história. As ondas alfas captaram ao longe
aquela estranha mensagem para seu coração. Ou foi o próprio Espírito que se fez
entender com clareza?
O
importante foi que ela aceitou. E, dizendo sim ao desafio que a voz lhe
apresentava, tudo se iluminou ao seu redor. A terra não tremeu a seus pés, mas
ela, num primeiro momento, sentiu um estranho palpitar em seu coração. Tudo lhe
pareceu magnífico, abrasador, encantador... Era uma promessa inusitada, além da
imaginação de sua ainda tenra idade. Mas acatou a idéia com humildade e alegria
no coração. “Sim, aceito”. Daquele dia em diante, não mais seria a mesma!
Nada
de oculto, mas sobrenatural sim. A maternidade de Maria era mais uma dádiva
divina. Como o são tantas outras na história humana. Como é qualquer dom da
maternidade, seja física ou espiritual, ação da carne ou do coração! Mãe, ela
seria. Mãe, com a graça de Deus.
Gerar
(e não criar apenas) é o mais alto grau da maternidade perfeita. Quem gera, dá
a luz, conduz, cria vínculos invioláveis que se perpetuam ao longo de uma
existência e até de várias gerações, independente do ato biológico.
Diferentemente de quem cria por criar, como instinto apenas. Quem gera no
coração, concebe na alma uma força inabalável, que suplanta qualquer
adversidade. Mesmo a incompreensão. Mesmo as perseguições, difamações e
calúnias. Mesmo a injúria da cruz, essa que o mundo coloca sobre os ombros dos
injustiçados, das injustiçadas.
Maria
aceitou. Gerou um milagre, concebeu na virgindade de sua alma atenta às manifestações
do Espírito de Deus; de seu corpo imaculado fez germinar a semente da redenção
que o mundo esperava. “Não temais, Maria, pois encontrastes graça diante de
Deus” – disse-lhe a voz ao anunciar sua maternidade.
Ao
contrário de muitas “marias” que conhecemos! Abortam, rejeitam, amaldiçoam. E
pensar que a maioria destas se diz católica, temente a Deus, serva do Senhor!
Não, essas renegam o dom dos céus em suas vidas, o privilégio da maternidade
pura, santa, que só o milagre da vida, a graça do Espírito, opera em suas
existências. Ser mãe, seja em qual circunstância esse milagre se opere, é por
primeiro emprestar a alma, depois o corpo, à ação de Deus, à graça de seu
Espírito criador e santificador.
No
caso de Maria, mãe de Deus e dos homens, salta-nos aos olhos essa ação divina.
“O Espírito Santo descerá sobre ti e a força do Altíssimo te envolverá com sua
sombra” (Lc 1,34). Esse foi o segredo da força de Maria. Essa é a luz que falta
às outras “marias”, aquelas que titubeiam diante da concepção, que rejeitam
seus filhos, que abortam de suas vidas o milagre da própria vida.
Graças
aos céus, Maria aceitou. E o Espírito
a consolou, guiou seus passos, iluminou seu caminho. Amenizou seu coração e
também o do bom José; advertiu-os quanto aos infanticidas da época, os mesmos
que hoje atentam contra a vida de indefesos. E seu “menino” cresceu em graça e
sabedoria.
Quando
o mundo se der conta de que a vida é sopro do Espírito Santo e que Deus Pai, e
Mãe, possui um projeto de Amor reservado a cada filho seu, a cada ser humano
concebido por sua Graça, o mundo será outro. Estaremos distantes do noticiário
policial que hoje devassa o conceito de família, que atira crianças pelas
janelas, aprisiona adolescentes e crianças em porões ou simplesmente as
rejeitam de maneiras atrozes, insensíveis à ação do Espírito na história
humana. Lembremo-nos: só o Espírito Santo é o Advogado perfeito diante de Deus.
Só Ele para nos consolar e dar forças para gerar com alegria o embrião de uma
vida nova, o Filho de Deus em nós.
WAGNER PEDRO MENEZES wagner@meac.com.br
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