O ATEÍSMO DEMOCRÁTICO
Sempre
que se realizam eleições majoritárias um tema ressurge na surdina de muitos
palanques, apesar de sua gritante necessidade de transparência: a fé em Deus. A cada eleição o
assunto ganha aspectos curiosos e espectro de um fantasma que ronda o direito
democrático do indivíduo que abraça sua fé. A competição Igreja-Estado não tem
razão de ser, já que há muito essa separação pactual inexiste e em nada afeta a
doutrina de um e o direito constitucional do outro. Porém, quando um subjuga o
outro é preciso um eleitorado mais esclarecido, principalmente se este se sente
violado em seu direito de expressar sua fé.
Sem
desrespeitar o direito daquele que se diz ateu, reforço aqui a liberdade
religiosa de um país majoritariamente cristão. Exatamente por essa
característica é que se há de respeitar a fé do povo, sem subtrair-lhe o
direito do culto, das celebrações públicas, das expressões devocionais, do
respeito a seus ícones, ao seu calendário, às suas normas e crenças, enfim a
tudo aquilo que sabidamente faz parte do sagrado ofício de viver e testemunhar
sua fé em Deus. Tanto
quanto há de se respeitar a “fé” daqueles que dizem não ter fé (pois essa
também é uma expressão de fé: eu acredito que não acredito). Porque uma
democracia adulta se constitui no respeito geral e irrestrito do indivíduo,
como cidadão e como filho de Deus.
Como
cidadão, quero acreditar nessa democracia. Como filho de Deus, tenho minhas
dúvidas. Não por acaso, vemos crescer partidos e facções tendenciosas que se
levantam e fazem tremular suas bandeiras contra tudo o que preconiza a fé
cristã. Começou pela retirada gradativa dos símbolos religiosos das muitas
repartições públicas desse país, sob o pretexto de ser laico o Estado. Ora, se
assim o é, porque se mantêm outros símbolos, dos quais muitos discordam, quais
siglas partidárias, brasões, símbolos de clubes de serviço, bustos, estátuas?
Que mal há em exibir publicamente um ícone de fé e respeito ao que a humanidade
tem de mais sagrado, sua esperança de eternidade? Seria tão maléfica essa fé ou
não seria esse o ponto de equilíbrio numa sociedade sedenta de justiça, de
amor, de fraternidade...
Mas
há muito mais nesta história. Aos poucos e quase imperceptivelmente, estamos
caminhando para uma ditadura com ares de socialismo. Sob o pretexto de uma ação
social meramente assistencialista, sem qualquer promoção humana digna do nome,
compra-se o voto da população carente, sem lhes dar a devida visão crítica da
realidade que os envolve. Por outro lado, essa massa de manobra útil aos que
buscam o poder vai sendo dizimada aos poucos, até sob a alegação de um controle
populacional necessário, que realiza vasectomia e ligaduras de trompa à revelia
desses pacientes e submetem jovens ao consumo desenfreado de pílulas
anticoncepcionais e camisinhas distribuídas gratuitamente. Saneamento básico?
Enquanto
isso, as relações da permissividade humana vão sendo aceitas como naturais. O
direito de acesso à educação é fracionado de acordo com a cor, a casta, a
origem do indivíduo e os interesses e necessidades do mercado. Cotas nada mais
são do que um racionamento disfarçado em prioridade. E outras
balelas mais.
Um
cristão tem que optar pela justiça divina, não pela demagogia servil e
partidária de alguns poucos. Cuidado nesta escolha. O candidato ideal deve se
identificar com o ideal da maioria. Como povo de Deus, merecemos respeito. Por
isso “acreditamos em
Jesus Cristo , e tiramos assim a nossa justificação da fé em
Cristo, e não pela prática da Lei. Pois, pela prática da Lei, nenhum homem será
justificado” (Gal 2,16). Nem partido, nem
candidato algum. Pois, cá entre nós, a Lei de Deus permanece.
WAGNER PEDRO MENEZES wagner@meac.com.br
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