SEGREDOS CONJUGAIS
Dias
desses soube de um casal que completou oitenta anos de via a dois. Bodas de Nogueira. Feito tão raro
que chamou a atenção da imprensa mundial. Se chegar às minhas Bodas de Ouro já
terei muito a agradecer a Deus. Mesmo assim, tornam-se raras as celebrações da
simples Bodas de Prata, pois que casamento estável e duradouro tornou-se
algo... fora de moda, ultrapassado. Fico a imaginar as razões dessa
instabilidade conjugal e, dentre tantas, uma única sempre se sobressai: falta
Deus nos corações das modernas famílias. Falta a verdadeira visão do que
realmente seja uma família segundo reza o catecismo cristão.
Não
é de se admirar que nossos jovens já não aceitem a constituição familiar como
bênção divina. Daí o decréscimo assustador dessas cerimônias em templos
religiosos. Daí o comentário irônico que ouvi de uma jovem diante do plano de
governo de um candidato político que prometia defender a família: “Ih, to fora!
Esse ainda pensa quadradinho”. Mesmo assim, as exceções acontecem. No mesmo
dia, de um casal jovem ouvi um belo testemunho: “Não dormimos sem antes
rezarmos o terço”. Talvez esses dois um dia alcancem suas Bodas de Nogueira!
Mas
o segredo de um sucesso conjugal foi muito bem apresentado pelo papa Francisco,
numa celebração com o rito do matrimonio para vinte casais, nesta semana:
“nunca deixeis terminar o dia sem fazer a paz”. Vale a pena repetir aqui
fragmentos de sua fala, pois que raramente um papa nos fala tão diretamente
sobre um assunto que diz respeito à harmonia, confiança, serenidade, fidelidade
e perseverança de todos aqueles que um dia disseram “sim” aos desafios da
verdadeira vida conjugal, aquela que somente um homem e uma mulher podem
assumir como dom de Deus, privilégio dos eleitos e consagrados diante de uma santa
missão: “Crescei-vos e multiplicai-vos”.
O
crescimento conjugal exige clareza de objetivos. Diz o papa: “É inegável a
força, a carga de humanidade presente numa família: a ajuda mútua, o
acompanhamento educativo, as relações que crescem com o crescimento das
pessoas, a partilha das alegrias e das dificuldades. As famílias constituem o
primeiro lugar onde nos formamos como pessoas e, ao mesmo tempo, são os
<tijolos> para a construção da sociedade”. Alguém diz o contrário, pode
provar? Ora, toda e qualquer referência positiva sobre qualquer pessoa tem
sempre raiz na procedência familiar. Isso todos sabemos.
Deixemos
o papa falar e encerrar nosso artigo de hoje: “O amor de Jesus, que abençoou a
união dos esposos, é capaz de manter o seu amor e de o renovar quando
humanamente se perde, rompe, esgota. O amor de Cristo pode restituir aos
esposos a alegria de caminharem junto. Pois o matrimônio é isto mesmo: o
caminho conjunto de um homem e uma mulher, no qual o homem tem o dever de
ajudar a esposa a ser mais mulher, e a mulher tem o dever de ajudar o marido a
ser mais homem. Este é o dever que tendes entre vós: <amo-te e por isso
faço-te mais mulher> - <amo-te e por isso faço-te mais homem>. É a
reciprocidade das diferenças. Não é um caminho suave, sem conflitos, não! Não
seria humano. É uma viagem laboriosa, por vezes difícil, chegando mesmo a ser
conflituosa, mas isto é a vida! E, no meio desta teologia que a Palavra de Deus
nos oferece sobre o povo em caminho, mas também sobre as famílias em caminho,
sobre os esposos em caminho, um pequeno conselho. É normal que os esposos
litiguem; é normal! Acontece sempre. Mas dou-vos um conselho: nunca deixeis
terminar o dia sem fazer a paz. Nunca!” – concluiu Francisco.
WAGNER PEDRO MENEZES wagner@meac.com.br
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