QUANDO CHEGAR NOSSO DIA
Por
sua natureza amante e apaixonada pela vida, o ser humano vive intensamente cada
segundo que lhe é permitido viver. É claro: uns mais outros menos, mas cada
qual tirando o máximo possível dos dias que lhes restam. Se possível, a vida de
muitos seria um eterno festim, sem compromissos estafantes, sem insônias, sem
qualquer outra ação que não visasse o bem-estar pessoal, os prazeres do mundo. Acontece
que a realidade é outra.
Diz
esta que a vida não é feita só de saraus e loas aos deuses das satisfações
pessoais, mas também e por primeiro nos compromete com uma ação de luta para
sobreviver. Não importa aqui a condição individual, profissional ou social do
indivíduo, mas o fato de que sem um compromisso de produção, de busca, de ação
para manter-se, ninguém vive, vegeta. A isso chamamos trabalho. Conquanto
outros o aceitem como missão, tarefa, obra, aquilo que Deus lhe confiou para
realizar na vida... Fora dessa visão e aceitação, o trabalho humano nunca será
uma ação abençoada, produtiva, mas escravagista, constrangedora, sem qualquer
satisfação ou mesmo o prazer que a vida profissional bem aceita possa nos
proporcionar.
Todos
temos uma missão a cumprir. Descobri-la e aprimorá-la no dia-a-dia também é um
segredo de felicidade. Um profissional bem resolvido em sua vocação é sempre alguém
feliz, que irradia segurança no que faz e harmoniza o mundo a seu redor com sua
ação e eficiência. Já um profissional frustrado, deslocado, forçado ao
trabalho, ah, saiam da frente! Seu espírito irado contagia o mundo, sua obra
deixa a desejar, sua ação transpira a imperfeição. Pobres esses, que nunca
encontrarão satisfação naquilo que pensam produzir. Máquinas e robôs são mais
eficientes que eles próprios!
Nossa
vida profissional é um complemento fundamental na razão da própria existência,
uma marca pessoal indelével, que marcará para sempre nossa própria história. Por
isso deve ser primorosa, bem aceita, prazerosa.
Deve encher nosso coração de orgulho e louvar o Criador pela capacidade
que nos concedeu para exercer esta ou aquela função. Não importa qual, mas cada
qual tem seu mérito e importância vital na engrenagem produtiva da qual todos nós
fazemos parte. Assim, buscando aprimorar esta questão, encontramos o exemplo do
próprio Cristo, que só avaliou sua obra quando a noite tétrica de sua paixão e
morte apontava o próprio fim.
O
horto das Oliveiras foi o local de confronto com sua missão e histórico de
vida. Um dos poucos momentos em
que Jesus intercedeu ao Pai em favor de si próprio. Pudera, não
queria decepcioná-lo, apresentar-lhe uma obra inacabada, imperfeita,
decepcionante; o fruto de sua vida terrena teria que ser um trabalho mais que
perfeito. “Eu te glorifiquei na terra. Terminei a obra que me deste para fazer”
(Jo 16,4). Ah, glórias! Quem nos dera um dia dizer o mesmo diante de Deus! Quem
nos dera apresentar ao Pai um histórico de vida condizente com aquilo que Ele
um dia traçou para cada um de nós! Uma vida profissional digna, condizente com nossos
dons e talentos, coerente com nossos princípios de fé, é o mínimo que qualquer
bom filho, temente por respeito, mas amoroso por obrigação, poderá um dia
apresentar àquele que nos dignou participar concretamente de sua Obra. Oxalá
possamos dizer, como Jesus: “Terminei a obra que me deste para fazer. Agora,
pois, Pai, glorifica-me junto de ti...” Só então estaremos aposentados para
gozar os verdadeiros prazeres da vida. Bater o ponto com merecida alegria!
WAGNER PEDRO MENEZES wagner@meac.com.br
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