FAZER BRILHAR A VERDADE
Quem
conhece ao menos um pouco da história da Igreja sabe de sua maior virtude:
nunca se deixar abater diante das provações. “A Igreja sempre rejuvenesce e se
renova”, afirmou-nos o Papa, por ocasião da proclamação de mais um ano de
graças, o Ano da Fé, que se iniciou no último 11 de outubro. Um tempo de júbilo
pelos 50 anos do Concílio Vaticano II e 20 anos da publicação do Catecismo da
Igreja Católica, além de especial sintonia de orações pelo Sínodo dos Bispos,
cujo tema é essencialmente missionário: “Nova Evangelização para a Transmissão
da fé cristã”. Isso sem falar do evento especial para nós brasileiros que será
certamente o fecho de ouro desse ano de graças, a JMJ no Rio de Janeiro, em
2013.
Para
não se perder o fio da meada, a mensagem do Papa para o Dia Mundial da Missões
desse ano nos traz um título desafiador: “Chamados a fazer brilhar a Palavra da
Verdade” (Porta Fidei, 6). Diante de tantos apelos e motivações claras para os
desafios que o Evangelho faz ao cristão mais comprometido, tudo soa como brados
celestes à consciência de nossas responsabilidades com o mundo ainda agnóstico.
O cristão é chamado a fazer brilhar sua luz em meio às trevas. É Cristo, mais
uma vez, a nos apontar nossa negligência com aqueles que Ele próprio nos
confiou para, juntos, redescobrirmos a verdade absoluta de Deus na nossa
história. “Hoje, como outrora, o próprio Cristo nos envia pelas estradas do
mundo para proclamar seu Evangelho a todos os povos da Terra”, escreve o Papa.
Então,
tá! Se durante mais de vinte séculos a Igreja viveu uma história de altos e
baixos, de perseguições e também glórias, de histórias mal contadas, mas de
páginas e páginas de impoluta caminhada ao lado do mais fraco, do injustiçado,
dos “cristos” que a via sacra humana têm crucificado juntamente com o Cristo do
Gólgota; se depois de tudo que a História registra a respeito do cristianismo e
sua garra, sua determinação em “fazer brilhar” essa Verdade que nos domina; se
ainda nos restam alguns poucos e destemidos missionários a teimar em sua sã (e
nunca vã) cantilena de fé é porque realmente algo de bom ainda temos a oferecer
ao mundo. De fato, nunca em sua história a humanidade precisou tanto de Deus
quanto agora. Daí a teimosia do Papa: “a missão ad gentes (a todos os povos)
deve ser o horizonte constante e o paradigma de toda atividade eclesial
(responsabilidade de todos os cristãos), porque a própria identidade da Igreja
é constituída pela fé no Mistério de Deus que se revelou em Cristo para nos dar
a salvação, e pela missão de anunciar Cristo ao mundo até o seu regresso”,
reafirma o Papa Bento XVI.
Detalhe:
até o seu regresso. Para um mundo avesso às coisas do alto, essa é uma verdade
difusa, distante dos avanços intelectuais e materiais dos padrões modernos.
Essa pedra de tropeço com a cultura e tecnologia é que coloca princípios de fé
nos porões do intelecto humano. Não bastasse a aceitação de um Cristo
ressuscitado, há também de se esperar sua volta? Dilemas que só a vivência da
fé, de maneira sucinta, cristalina, pessoal, é capaz de suprimir. Daí, mais uma
vez, que nosso pontífice não só desafia o mundo a “experimentar” a Verdade de
Deus. Daí que o apelo da Igreja não é um brado no escuro de nossos dilemas e
incertezas, mas uma voz ponderada e consciente a nos dizer, com todas as
letras, que a crise da fé nos dias atuais vem da falta de um encontro mais
pessoal com Jesus. Somente Ele pode operar no ser humano o milagre da
apreciação de sua “água viva”, aquela que sacia o coração sedento, que
rejuvenesce a alma combalida pelas desilusões mundanas, que faz brilhar no
intelecto humano a luz de sua verdade mais pura: “Eu vim para que todos tenham
vida. E vida em plenitude”. Por isso o cristão ainda anela: que a volta de
Cristo glorifique sua Igreja!
WAGNER PEDRO MENEZES wagner@meac.com.br
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